domingo, 13 de novembro de 2011

OS SETE SELOS, AS SETE TROMBETAS E AS SETE TAÇAS.
"...àquele que está sentado no trono, 
e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, 
e a glória, e o domínio, pelos séculos
dos séculos"
.                      Apocalipse 5: 13b

Os sete selos
Apocalipse é um livro de revelações feitas por Jesus. Os capítulos quatro e cinco são preparatórios para o desenvolvimento destas revelações. No sexto capítulo os selos começam a ser abertos. Cristo é o único que tem poder e autoridade para abrir esses selos.
O livro e os sete selos - 5: 1.
O livro dos sete selos é descrito como um rolo selado, ao longo de suas beiradas, com sete selos, dando a entender que estava tão fechado que somente um grande poder seria capaz de abri-lo. Ou, então, o próprio rolo se compunha de sete porções, cada um com seu próprio selo. É o livro das revelações de Jesus Cristo que passamos agora a considerar.
Primeiro selo = O cavalo branco (conquista) - 6: 1-2.
Um homem montado num cavalo branco surgiu em cena. Há duas idéias sobre isto: a) Alguns acham que o homem montado no cavalo branco representa Cristo, 19: 11-16. A cor branca sugeriria a pureza celestial; a coroa, a realeza; o arco representaria o seu modo de vencer os inimigos. O cavalo representa guerra, violência, tragédia, etc.; b) Outros, julgam ser este homem o Anticristo, que imitará o verdadeiro Cristo com uma falsa pureza, falsa paz, usando seu arco, v. 2, um instrumento de longo alcance. Ele tentará persuadir todas nações. O texto diz "saiu vencendo e para vencer". Cristo, porém, já venceu e é vencedor, 5: 5. Glória a Deus!
Segundo selo = cavalo vermelho (guerra) 6: 3-4.
Este segundo selo mostra um cavaleiro mais pomposo. Nada disse. Apenas cavalgou e permitiu que a cor de seu cavalo o identificasse. Foi-lhe concedido"tirar a paz da terra e levar os homens a se matarem uns aos outros". Vermelho é a cor do sangue, dando a entender derramamento de sangue. O sangue chegará até os freios dos cavalos, 14: 20.
Terceiro selo = o cavalo preto (fome), 6: 5-6.
Aberto o terceiro selo identificando o terceiro cavaleiro como sendo a fome. Nos tempos de guerra, escasseia o alimento e ele é racionado e pesado para cada família. Os preços dos gêneros de primeira necessidade se elevam assustadoramente; o preço do trigo para o pão; do óleo; do vinho, etc. A fome sempre vem na esteira da guerra. Jesus já havia predito isto: "haverá fome", Mt 24: 7.
Quarto selo = o cavalo amarelo (pestilência), 6: 7-8.
Um cavalo amarelo, pálido, entra em cena como uma figura hedionda. Seu nome é morte; e o Hades, a região dos mortos, vem atrás dele para apanhar sua presa. Foi-lhe dado o poder sobre a quarta parte da terra, podendo matar seus habitantes por todos os modos concebíveis. A peste sempre vem depois da guerra e da fome. Ele pode destruir mais vidas do que a própria guerra ou fome. Consegue deixar forte impressão de horror.
Tudo o que foi apresentado - a conquista militar, a guerra, a fome e a peste - são manifestações da ira do Cordeiro, Ap 6: 16-17, sobre os homens que ficarem na Grande Tribulação.
Quinto selo = o lamento dos mártires, 6: 9-11.
Na abertura do quinto selo, a cena se modifica. Até aqui vimos os meios pelos quais Deus exercerá seu julgamento. Agora, veremos a razão desse julgamento. Debaixo do altar, João vê "as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram". O altar é o lugar onde podemos aproximar de Deus; lugar onde Deus vem ao encontro das necessidades humanas. Quem são esses mártires? Possivelmente os judeus, juntamente com alguns crentes gentios, que serão levados a crer devido ao súbito desaparecimento da Igreja, Ap 3: 10; 1 Ts 1: 10.
Simbolicamente, esses mártires clamarão para que se vingue o sangue deles que foi derramado. Mas isto é um símbolo. Este parágrafo reflete a necessidade moral do julgamento. Deus não seria um Deus justo se deixasse sem vingança males tão grandes. A cada um deles se conferiu um vestido branco, símbolo de sua vitória e pureza, e se lhes diz que tenham paciência, pois o tempo ainda não está maduro para a retribuição de Deus; há outros que ainda irão sofrer como eles.
Sexto selo = terremoto e julgamentos, 6: 12-17.
O texto fala do escurecimento do sol, a lua tornando-se em sangue, estrelas caindo do céu, ventos fortes, gentes de todas classes sociais escondendo-se em cavernas e rochas e clamando às montanhas que caiam sobre elas e assim as escondessem do rosto d'Aquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro. Ainda não está representando neste texto o juízo final. Apenas é um julgamento temporal por meio de calamidades naturais. Estes acontecimentos também se referem ao período da Grande Tribulação, Mt 24: 21; Ap 7: 14; Dn 9: 27, ultrapassando qualquer coisa que a natureza jamais viu semelhante.
Os cento e quarenta e quatro mil selados, 7: 1-17.
Na visão do capítulo 7, João viu quatro anjos, que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatros ventos que simbolizam a retribuição divina. Também viu outro anjo que subia da banda do sol nascente. Trazia o selo de Deus que indica posse e proteção, nas frontes dos judeus, 144.000, que se converterão no meio da Grande Tribulação com um grupo de gentios, v. 4-9.
Os pós-tribulacionistas (crença de que a Igreja passará pela grande Tribulação), asseguram que os 144.000 representam o Israel espiritual, a própria Igreja que será marcada por Deus para não sofrer na Grande Tribulação. Portanto, não queremos ser arbitrários em afirmar que a Igreja não passará pela Grande Tribulação. Nesta ocasião, estaremos nas bodas do Cordeiro, Mt 25: 1-13; Ap 19: 9. A partir do v. 9-17 percebemos os mártires sendo recebidos de vestiduras brancas, alvejadas no sangue do Cordeiro, diante do trono de Deus, não mais na terra, e servem a Deus continuamente.
Sétimo selo = o silêncio no céu e o incenso, 8: 1-5.
O silêncio no céu tem sido interpretado de várias maneiras: simbolizando o juízo dilatado, ou delongado e dramático. Simbolizando também um período de suspense, de expectativa, pelas coisas que ainda iriam acontecer. Simbolizando também o momento em que os salvos, quando chegarem ao céu, ficarão perplexos, vislumbrando, atônitos as belezas daquilo que os olhos jamais viram, 1Co 2: 9. O incenso da vitória, 8:3-5, refere-se às orações de todos os santos. Toda a cena dos versículos 3, 4 e 5 é um prelúdio das Sete Trombetas que começam a ser ouvidas.
Agonizante será para aqueles que não subirem no arrebatamento, pois terão de contemplar todos estes flagelos durante sete anos, Dn 9: 27; Ap 11: 23. A Igreja, porém, estará nas Bodas do Cordeiro, participando do Grande Casamento entre o noivo e a noiva, Ap 22: 17. 

As sete trombetas
"O que são os sete selos e as sete trombetas do livro de Apocalipse?"

Os sete selos (Apocalipse 6:1-17; 8:1-5), sete trombetas (Apocalipse 8:6-21; 11:15-19) e sete taças (Apocalipse 16:1-21) são três séries de julgamentos de Deus que são diferentes e consecutivas. Os julgamentos progressivamente pioram e se tornam mais devastadores à medida que o fim dos tempos progride. Os sete selos, trombetas e taças estão conectados uns aos outros – o sétimo selo inicia as sete trombetas (Apocalipse 8:1-5), e a sétima trombeta inicia as sete taças (Apocalipse 11:15-19; 15:1-8).

Os primeiros quatro dos sete selos são conhecidos como os quatro calaveiros do Apocalipse. O primeiro selo apresenta o anticristo (Apocalipse 6:1-2). O segundo selo causa grandes guerras (Apocalipse 6:3-4). O terceiro dos sete selos causa fome (Apocalipse 6:5-6). O quarto selo causa pragas, mais fome e mais guerras (Apocalipse 6:7-8).

O quinto selo nos diz daqueles que serão martirizados por sua fé em Cristo durante o fim dos tempos (Apocalipse 6:9-11). Deus escuta o seu clamor por justiça e vai livrá-los na Sua hora certa – na forma do sexto selo, assim como com os julgamentos das trombetas e taças. Quando o sexto dos sete selos é quebrado, um terremoto devastador acontece, causando grande revolta e devastação terrível – juntamente com fenômenos astronômicos incomuns (Apocalipse 6:12-14). Aqueles que sobrevivem estão corretos por clamar: “E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (Apocalipse 6:16-17).

As sete trombetas são descritas em Apocalipse 8:6-21. As sete trombetas são o “conteúdo” do sétimo selo (Apocalipse 8:1-5). A primeira trombeta causa granizo e fogo que destroem muito das plantas do mundo (Apocalipse 8:7). A segunda das sete trombetas causa o que aparenta ser um meteoro atingindo os oceanos e causando a morte de grande parte da vida marinha (Apocalipse 8:8-9). A terceira trombeta é parecida com a segunda trombeta, só que dessa vez ela atinge os lagos e rios do mundo, ao invés dos oceanos (Apocalipse 8:10-11).

A quarta das sete trombetas causam o sol e a lua a se escurecerem (Apocalipse 8:12). A quinta trombeta resulta em uma praga de “gafanhotos demoníacos” que atacam e torturam a humanidade (Apocalipse 9:1-11). A sexta trombeta libera um exército demoníaco que mata um terço da humanidade (Apocalipse 9:12-21). A sétima trombeta evoca os sete anjos com as sete taças da ira de Deus (Apocalipse 11:15-19; 15:1-8)

Os julgamentos das sete taças são descritos em Apocalipse 16:1-21. Os julgamentos das sete taças são o resultado da sétima trombeta sendo soada. A primeira taça causa feridas muito dolorosas que aparecem na humanidade (Apocalipse 16:2). A segunda taça resulta na morte de todo ser vivente no mar (Apocalipse 16:3). A terceira taça causa os rios a se tornarem sangue (Apocalipse 16:4-7). A quarta das sete taças resulta no calor do sol sendo intensificado e causando grande dor (Apocalipse 16:8-9). A quinta das sete taças causa grande escuridão e uma intensificação das feridas da primeira taça (Apocalipse 16:10-11). A sexta taça resulta no rio Eufrates secando completamente e os exércitos do anticristo se juntando para lutar a batalha do Armagedom (Apocalipse 16:12-14). A sétima taça resulta em um terremoto devastador seguido de pedras de granizo gigantes (Apocalipse 16:15-21).

Apocalipse 16:5-7 declara: “E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores. E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos.”

(Apocalipse 8:1-13)
A Primeira Trombeta (8:7)
8:7 – O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde.
O primeiro anjo tocou a trombeta: Cada uma das sete trombetas será tocada por um dos anjos apresentados no versículo 2.
Houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra: A primeira trombeta nos lembra das pragas usadas para castigar os egípcios. Na sétima praga, caiu “chuva de pedras e fogo misturado com a chuva de pedras” (Êxodo 9:24). Na primeira, as águas se tornaram em sangue (Êxodo 7:17).
Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde: Ainda não chegamos ao castigo total ou final, pois esta trombeta fala da destruição da terça parte da terra, especificamente das plantas. A terça parte é citada em outros castigos desta série (veja 8:8,9,10,11,12; 9:15,18).
A Segunda Trombeta (8:8-9)
8:8 – O segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue,
Uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar: Observamos aqui o poder de Deus. Somente o Senhor tem tal poder sobre montanhas. Deus cria os montes e pode pisar os altos (Amós 4:13). É Deus que pode queimar uma montanha em julgamento (Miquéias 1:3-5), ou até atirá-la no mar para cuidar dos seus servos (Mateus 21:21). Deus deu a Zorobabel a vitória sobre o grande monte (Zacarias 4:7). Quando Deus revelou as suas intenções de castigar a Babilônia, ele usou linguagem semelhante à da segunda trombeta: “Eis que sou contra ti, ó monte que destróis, diz o SENHOR, que destróis toda a terra; estenderei a mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte em chamas. De ti não se tirarão pedras, nem para o ângulo nem para fundamentos, porque te tornarás em desolação perpétua, diz o SENHOR” (Jeremias 51:25-26).
Montanhas freqüentemente representam autoridades ou reinos (Isaías 2:2). O mar servia como um dos principais meios de comércio (Isaías 23:2; Ezequiel 27:3). Neste sentido, a segunda trombeta pode sugerir um castigo que atinge a economia. O mar, também, pode representar os povos do mundo (Salmo 98:7; Isaías 23:11; 41:5; Ezequiel 26:16-18; Daniel 7:2-3). O castigo aqui seria a derrota de uma grande autoridade, atingindo os povos da terra.
Cuja terça parte se tornou em sangue: Novamente, ele usa linguagem da primeira praga no Egito (Êxodo 7:17). É um castigo grave, mas não total.
8:9 – e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações.
E morreu a terça parte da criação que tinha vida,...e foi destruída a terça parte das embarcações: O mar está cheio de vida, mas esta trombeta destrói um terço das criaturas do mar. Também afeta o comércio, destruindo um terço das embarcações. Na época do Novo Testamento, os romanos dominavam um império construído pelo controle do Mar Mediterrâneo. A expansão do poder romano durante quase quatro séculos havia garantido domínio sobre as principais rotas comerciais entre três continentes – a Europa, a Ásia e a África. Uma praga que destrói a terça parte das embarcações deixaria o império aleijado e enfraquecido.
A Terceira Trombeta (8:10-11)
8:10 – O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela, ardendo como tocha.
Caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela: A terceira desta série de castigos usa uma estrela para atingir as águas doces que os homens precisam para beber. As estrelas, como parte da criação de Deus, lhe servem (Salmo 148:3). Ele tem poder para usar as estrelas nas suas batalhas a favor dos fiéis (Juízes 5:20) e como instrumentos de castigo (Mateus 24:29; Apocalipse 6:13). O efeito desta estrela é a poluição da terça parte dos rios e das fontes de água.
8:11 – O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas.
O nome da estrela é Absinto: A erva absinto representa amargura (Lamentações 3:15,19), especialmente o veneno de castigo divino (Provérbios 5:4; Jeremias 9:15; 23:15). Aqui, Deus ataca as águas potáveis, nos lembrando do efeito da primeira praga no Egito (Êxodo 7:20-21). Quando Deus abençoou o seu povo, ele tornou doces as águas amargas (Êxodo 15:25-26). Aqui, ele faz ao contrário para castigar os ímpios.
A Quarta Trombeta (8:12)
8:12 – O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite.
Foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles ... não brilhasse: A linguagem usada para descrever o efeito da quarta trombeta é típica de profecias de visitações divinas, pois Deus controla os corpos celestes (Isaías 40:26; Jeremias 31:35). Isaías transmitiu a profecia contra a Babilônia: “Porque as estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará resplandecer a sua luz” (Isaías 13:10). Ezequiel usou a mesma linguagem na profecia contra Faraó, rei do Egito (Ezequiel 32:7). Joel a empregou nas suas descrições de castigos divinos (Joel 2:10; 3:12). Como nos cumprimentos das profecias do Velho Testamento, a profecia da quarta trombeta não é do fim do mundo. Descreve um castigo de pessoas aqui na terra. O fato de envolver a terça parte do sol, da lua e das estrelas confirma a interpretação de um castigo parcial.
O Aviso da Vinda das Últimas Três Trombetas (8:13)
8:13 – Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar!
Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu: Os sete selos foram divididos, com uma série de quatro seguida por outra série de três. As trombetas são divididas da mesma maneira. Já passaram quatro. Agora, uma águia anuncia a vinda das últimas três, evidentemente mais severas do que as primeiras. A águia é conhecida universalmente como um forte predador, aqui voando pronta para descer e tomar a sua presa.
Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar!: A palavra “ai” demonstra dor ou lamento. Repetida três vezes, sugere dor extrema, um pré-anuncio dos castigos mais severos por vir. Novamente, a mensagem se aplica às pessoas na terra.
As sete taças
Os Anjos Derramam as Suas Taças (Apocalipse 16:1-21)
No capítulo 15, um dos quatro seres viventes deu as sete taças da cólera de Deus aos sete anjos, e o santuário se encheu com a fumaça da glória e do poder de Deus. Agora, aguardamos o trabalho dos anjos. Cada um derramará a sua taça, trazendo uma série de sete flagelos para castigar os adoradores da besta e os servos do dragão. Algumas dessas pragas nos lembram das pragas que Deus enviou para castigar os egípcios quando Moisés foi libertar o povo de Israel.
Antes de considerar o conteúdo de cada taça, observemos os paralelos entre as sete taças e as sete trombetas:
As Trombetas
As Taças
1ª – Terça parte da terra (8:7)
1ª – Adoradores da besta na terra (16:1-2)
2ª – Terça parte do mar se torna em sangue (8:8-9)
2ª – O mar se torna em sangue (16:3)
3ª – Terça parte dos rios e das fontes se torna amargosa (8:10-11)
3ª Os rios e as fontes se tornam em sangue (16:4-7)
4ª – Terça parte do sol, da lua e das estrelas escurece (8:12)
4ª – O sol queima os homens com fogo (16:8-9)
5ª – O rei dos gafanhotos traz escuridão tormento aos homens ímpios (9:1-11)
5ª – O reino da besta se torna em trevas; os homens ímpios sofrem dor (16:10-11)
6ª – Os anjos atados junto ao Eufrates soltam o exército (9:13-19)
6ª – O Eufrates seca para preparar o caminho dos reis para a peleja (16:12-16)
7ª – Cumprir-se-á o mistério de Deus (10:7); Chegou a ira de Deus contra as nações paradestruir os que destroem a terra; Relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada (11:15-19)
7ª – Feito está! (16:17); Caíram as cidades das nações; Deus dá o cálice da sua ira;Relâmpagos, vozes, trovões e terremoto (16:18-19)































A Primeira Taça (16:1-2)
16:1 – Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus.
Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Deus está no santuário, envolto na fumaça impenetrável (15:8). Esta voz, então, é a voz de Deus dando ordem aos sete anjos.
Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus: Os anjos recebem a ordem de derramar as suas taças, trazendo a ira de Deus. A cólera ou furor de Deus vem em resposta à cólera do dragão (12:12) e à fúria da prostituição da grande Babilônia (14:8). Mas a cólera do dragão dura pouco tempo (12:12) enquanto esta fúria vem de “Deus, que vive pelos séculos dos séculos” (15:7).
16:2 – Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas.
Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra: A obediência imediata é característica dos servos fiéis ao Senhor. Deus mandou, e o anjo foi. A sua taça castiga a terra ou, mais precisamente, os adoradores da besta na terra.
Aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem: Aqueles que cederam à pressão e participaram do culto imperial para evitar as conseqüências diante do governo romano (13:14-17) agora sofrem nas mãos do Soberano Rei dos reis.
Sobrevieram úlceras malignas e perniciosas: Como a sexta praga no Egito (Êxodo 9:8-9), os adoradores da besta foram afligidos por úlceras. Aquela praga atingiu os próprios magos, aqueles que induziam as pessoas a acreditarem em falsas religiões. (Êxodo 9:11). Esta afeta os participantes de falsa religião.
A Segunda Taça (16:3)
16:3 – Derramou o segundo a sua taça no mar, e este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar.
Derramou o segundo a sua taça no mar: Já observamos que o mar, muitas vezes, simboliza a sociedade mundana (cf. comentários sobre o mar em 13:1, lição 22). Aqui o castigo vem sobre as nações rebeldes. O mar Mediterrâneo, também, foi o foco comercial do império romano. Qualquer praga que ataca o mar teria grande impacto financeiro (18:17-19).
E este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar: Como na primeira praga no Egito, que causou a morte dos peixes (Êxodo 7:1-25), este flagelo causa a morte dos seres viventes no mar.
Pelo fato que todos os outros flagelos afligem pessoas, e não a natureza, podemos concluir que os seres viventes no mar são, também, homens. Este entendimento se torna mais forte com os flagelos que se seguem.
A Terceira Taça (16:4-7)
16:4 – Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue.
Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue: Rios e fontes são essenciais para sustentar a vida. Esta praga, como a praga no Egito, deixa os perversos sem água potável. Se não vier algum alívio, a conseqüência será a morte.
16:5 – Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas;
Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Além do seu trabalho de derramar sua taça sobre os rios e as fontes das águas, este anjo tem uma proclamação.
Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas: Em executar uma parte do julgamento dos ímpios, o anjo percebe a justiça de Deus, e o adora. A justiça divina sempre foi motivo de louvor: “Levanto-me à meia-noite para te dar graças, por causa dos teus retos juízos” (Salmo 119:62). Deus é eterno, Santo e justo.
16:6 – porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso.
Porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso: A água se torna em sangue porque os habitantes do mundo haviam derramado sangue inocente. Mais uma vez, observamos a ligação entre os castigos e a pergunta do quinto selo: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (6:10). Desde a morte de Abel, Deus ensinara aos homens o princípio da vingança de sangue: “Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem” (Gênesis 9:5).
Este motivo é citado freqüentemente em outras profecias do Velho e Novo Testamentos para explicar o castigo de diversas pessoas – indivíduos, cidades e nações. Considere estes exemplos: Jerusalém e Judá foram castigados porque o rei Manassés derramou muito sangue inocente e fez Judá pecar com os seus ídolos (2 Reis 21:10-16); Jeoaquim, um dos últimos reis de Judá, foi condenado pelo mesmo motivo (Jeremias 22:17-19); o derramamento de sangue inocente foi um dos motivos da opressão e do cativeiro do povo de Israel (Salmo 106:34-46); os profetas citaram o mesmo motivo quando falaram das conseqüências dos pecados de Israel e de Judá (Isaías 26:21; 59:3,7; Jeremias 7:6; Ezequiel 22:27). Uma outra passagem importante fala sobre a casa de Acabe, especialmente Jezabel, que foram castigadas por terem derramado o sangue dos servos, os profetas (2 Reis 9:7). Todas essas profecias foram cumpridas nos séculos antes da vinda de Jesus. Servem para entender a linguagem do Apocalipse, mas não para identificar o cumprimento principal destas profecias de João, feitas depois da morte de Jesus.
Uma profecia relevante ao contexto do Apocalipse se encontra em Joel. Depois de estabelecer Jerusalém espiritual (2:28 - 3:1), Deus reúne as nações para o julgamento no vale de Josafá (3:2). Os crimes são ofensas contra o povo do Senhor, inclusive o pecado de terem derramado sangue inocente em Judá. Esta vingança é ligada ao estabelecimento do reino de Deus e à sua habitação em Sião (3:17-21), temas principais no Apocalipse.
Quando chegamos aos evangelhos, as figuras mais próximas se encontram nos comentários de Jesus sobre os pecados dos judeus. Ele condenou os escribas e fariseus por imitar as atitudes dos seus ancestrais em matar profetas e justos (Mateus 23:29-36) e, logo em seguida, profetizou sobre a destruição de Jerusalém, uma profecia cumprida em 70 d.C. Comentários semelhantes são relatados em Lucas 11:45-52.
Observando a semelhança das palavras de Jesus e a condenação da meretriz do Apocalipse (16:6; 17:6; etc.), alguns estudiosos concluem que são profecias do mesmo castigo, e que a meretriz (Babilônia) do Apocalipse é a cidade de Jerusalém. Existem vários argumentos a favor dessa interpretação, e outros contra. Ainda comentaremos sobre a questão da data do livro em outros textos pela frente. Agora, a questão que precisamos abordar é esta: As semelhanças entre os comentários de Jesus e a linguagem do Apocalipse provam que a meretriz é Jerusalém? Na verdade, é a mesma questão que surgiu no capítulo 11, quando falou da “grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado” (11:8).
Existem duas possíveis interpretações destas figuras:
Œ As características de Sodoma e Egito aparecem em Jerusalém, que se torna objeto principal da profecia, ou
 As características de Sodoma, Egito e Jerusalém aparecem em uma outra “grande cidade”, o objeto desta profecia.
Da mesma maneira, as referências ao sangue de santos e profetas podem ser interpretadas de duas maneiras:
Œ Jesus falou da destruição de Jerusalém, e João reforçou a mesma profecia, assim escrevendo o Apocalipse antes de 70 d.C., ou
 João usou a linguagem de Jesus junto com a linguagem de diversas profecias já cumpridas do Antigo Testamento para descrever o castigo de uma outra cidade ou povo que matava santos e profetas. Neste caso, a destruição de Jerusalém, já passada, serviria para enriquecer o pano de fundo da profecia contra os poderes romanos.
O ponto, por enquanto, é que linguagem semelhante não prova que os assuntos sejam idênticos. Este fato é importante no estudo de qualquer profecia da Bíblia. O fato de dois livros usarem figuras semelhantes não quer dizer que necessariamente falam do mesmo assunto. É claro que Jerusalém e os judeus mataram profetas e santos, mas o governo Romano, também, perseguiu e matou os servos de Jesus. Em qualquer dos dois casos, a ênfase doApocalipse está na morte das testemunhas de Jesus (17:6), não na morte dos fiéis do Velho Testamento.
Teremos mais observações sobre a data do livro e o escopo de suas profecias no decorrer do nosso estudo.
16:7 – Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos.
Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos: Novamente, voltamos ao quinto selo (6:9-11). As almas debaixo do altar pediram vingança, e Deus respondeu que teriam que esperar mais um pouco. Agora que o Senhor deu sangue para os opressores beberem, o altar proclama a justiça de Deus. A justiça divina pode demorar, mas ela vem! Pedro diz que qualquer demora na aplicação da justiça divina deve ser vista como uma demonstração da misericórdia e longanimidade de Deus (2 Pedro 3:7-10).
A Quarta Taça (16:8-9)
16:8 – O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo.
O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo: Nos primeiros quatro flagelos, como nas primeiras quatro trombetas (8:7-13), as forças da natureza são os instrumentos de Deus para castigar os homens perversos. O sol normalmente ilumina, possibilitando a vida. Em outras situações, Deus castigou os homens negando-lhes a luz do sol (8:12; Êxodo 10:21-23; Joel 2:32; Mateus 24:29). Esta vez, o castigo vem por meio do calor excessivo que queima, e serve para afligir os adversários do Senhor. Deus usa o fogo para destruir os seus inimigos (Salmo 97:3; 104:4). Da mesma maneira que algumas das pragas atingiram os egípcios e não os israelitas, as pessoas que sofrem sede por não terem água potável (16:4-7) são punidas com esta praga de calor insuportável, enquanto os fiéis que saem da grande tribulação são protegidos do calor e nunca terão sede (7:16).
16:9 – Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram para lhe darem glória.
Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus: O castigo vem por causa da injustiça dos homens, mas os ímpios ainda ousam levantar as suas vozes contra o Senhor. É triste observar como a mesma coisa acontece hoje. O sofrimento entrou no mundo por causa do pecado do homem, mas muitos usam a dor como motivo de questionar a justiça e negar a bondade de Deus. Alguns até rejeitam a existência de Deus por causa da injustiça do homem!
Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos: Os castigos vêm de Deus. Em vez de buscar perdão e clemência, os homens blasfemam o nome do Senhor.
E nem se arrependeram para lhe darem glória: Da mesma maneira que Faraó endureceu seu coração depois das pragas no Egito (Êxodo 7:22; 8:15,19,32; 9:7,12,34-35; 10:1,20,27; 13:15), este povo recusa a se arrepender. Não aceitaram o castigo como disciplina (3:19; Hebreus 12:5-6), e sim como motivo para rejeitar o Senhor. Quando pessoas hoje usam o sofrimento como motivo para negar a existência de Deus, cometem o mesmo erro fatal. Independente da fonte do sofrimento, devemos usá-lo para nos aproximar de Deus (Tiago 1:2-4; 2 Coríntios 12:7-10).


A Quinta Taça (16:10-11)
16:10 – Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino se tornou em trevas, e os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam
Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta: A besta não é o poder superior! O anjo de Deus derrama sua taça sobre o trono da besta, porque vem de um lugar mais alto. Homens enganados podem exaltar a besta (13:4), mas ela não é igual a Deus, nem ao mensageiro usado por Deus para derramar a sua ira.
A quinta trombeta trouxe escuridão e tormento (9:1-12), como também a quinta taça.
Cujo reino se tornou em trevas: Os egípcios adoraram o sol, e Deus causou três dias de escuridão (Êxodo 10:21-23). Aqui o reino da besta se torna em trevas, provavelmente referindo-se ao engano das mentiras daquela que se apresenta como um deus digno de adoração.
E os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam: O reino da besta sofre dor insuportável. Enquanto o Senhor oferece refúgio e proteção aos seus servos (7:16-17), os servos da besta são atormentados.
16:11 – e blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras.
E blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam, e não se arrependeram de suas obras: Como fizeram na sexta trombeta (9:20-21) e na quarta taça (16:9), os ímpios ainda recusam a se arrependerem. É mais fácil colocar a culpa em Deus do que aceitar a responsabilidade pelo próprio pecado. Diferente das pragas do Egito, onde cessou uma antes de começar a próxima, estes flagelos continuam. Chegamos à quinta taça, e os homens ainda estão sofrendo com as aflições que começaram na primeira (16:2). As obras dos pecadores são o motivo do castigo, em contraste com as obras dos santos que são as roupas puras que usam na presença do Cordeiro (19:8).
A Sexta Taça (16:12-16)
16:12 – Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol.
Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol: Esta figura apresenta algumas dificuldades, e as explicações dos comentaristas são diversas. Quais reis vêm do oriente? É o mesmo exército que os espíritos imundos se ajuntam nos versículos seguintes, ou é o povo de Deus vindo para estar com ele diante das ameaças dos servos do diabo?
Por vários motivos, parece-me mais razoável ver aqui os servos de Deus. Considere:
Œ Quando Deus voltou para abençoar seu povo e habitar no meio dele, sua glória “entrou no templo pela porta que olha para o oriente” (Ezequiel 43:4).
 Todas as pessoas na Bíblia que atravessam corpos de água em terra seca são os servos de Deus sob a sua proteção, não os seus inimigos: os israelitas na saída do Egito (Êxodo 14:15-25; Salmo 106:9-10); os israelitas na entrada em Canaã (Josué 3:12 - 4:18); Elias e Eliseu juntos (2 Reis 2:4-8); Eliseu sozinho (2 Reis 2:13-14). Na profecia de Isaías 11:15-16, Deus seca o Eufrates para permitir o restante do seu povo escapar do cativeiro. Em Isaías 51:10, Deus secou as águas do mar para deixar passar os remidos (cf. Zacarias 10:10-12).
Ž Exércitos são representados como águas ou rios, até pelas águas do Eufrates (Isaías 8:7-8), e o vento de Deus seca e espalha essas águas (Isaías 17:12-14).
O exército que vem do Eufrates na sexta trombeta é de Deus, trazendo fogo e enxofre e matando a terça parte dos homens ímpios (9:13-21).
Baseado nestas observações, o que vemos aqui é a ação de Deus para vencer o poder militar dos ímpios e deixar os seus fiéis atravessarem o Eufrates em terra seca para chegar ao Senhor. É uma imagem do povo voltando do cativeiro para habitar na presença de Deus, e para ficar com o Senhor contra o diabo e seus servos.
16:13 – Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs;
Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta: O diabo e seus dois principais aliados: a besta (do mar) e o falso profeta (a besta da terra, que induz as pessoas a adorarem a besta do mar). Sabemos que tudo que sai da boca deles é mau, pois o diabo é o pai da mentira (João 8:44).
Três espíritos imundos semelhantes a rãs: Saindo da boca destes três personagens, obviamente são imundos. Rãs são mencionadas aqui e nas referências à segunda praga no Egito (Êxodo 8:1-15; etc.). No Antigo Testamento, foram consideradas imundas e, por isso, abominações (Levítico 11:9-10).
16:14 – porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso.
Porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais: É uma batalha espiritual, e os servos do diabo vêm com seus sinais para enganar os homens. Foi por causa dos sinais dos magos que Faraó endureceu seu coração nas primeiras pragas (Êxodo 7:22). Paulo falou dos sinais da mentira usados pelo iníquo para enganar os homens (2 Tessalonicenses 2:9-12).
E se dirigem aos reis do mundo inteiro: Estes espíritos têm um objetivo específico. Querem enganar os reis do mundo. Novamente, a figura destaca a influência mundial do dragão e de seus aliados, um fato que se enquadra bem com as características do império romano identificado no capítulo 13.
Com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso: O propósito dos espíritos enganadores é colocar os reis contra Deus. Desde o Éden, o Diabo tem procurado criar inimizade entre Deus e os homens. Ele distorceu e contrariou as palavra de Deus para enganar Eva, e vem fazendo a mesma coisa ao longo da história. Aqui, os servos dele têm o propósito de ajuntar os reis da terra contra os servos de Deus.
A peleja pode ser uma batalha física, como a batalha entre Israel e Síria, em que um “espírito mentiroso na boca de todos os ... profetas” de Acabe enganou o rei para provocar a guerra (1 Reis 22:1-28). Pode ser uma batalha espiritual, como as batalhas contra os príncipes da Pérsia e da Grécia em Daniel 10:13-21. Pode incluir os dois aspectos, como a luta do Faraó contra Deus, que envolveu tanto a batalha espiritual de um coração obstinado como o exército do Egito que morreu no Mar Vermelho. Independente da natureza da batalha em si, o resultado seria o julgamento dos povos rebeldes, semelhante a cena no vale da Decisão em Joel 3. Deus vai julgar os reis enganados pelos espíritos que saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta.
16:15 – (Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.)
Antes de deixar João continuar o relato do trabalho dos espíritos imundos, Jesus interrompe com uma mensagem de exortação aos fiéis.
Eis que venho como vem o ladrão: A figura do ladrão é utilizada na Bíblia para enfatizar o julgamento repentino e a falta de preparo das pessoas julgadas. Representa as conseqüências naturais do pecado e da negligência nesta vida (Provérbios 6:9-11), como também a vinda do Senhor para julgar (Lucas 12:35-40; Mateus 24:42-43; 1 Tessalonicenses 5:2-4; 2 Pedro 3:10; Apocalipse 3:3). A ênfase está na preparação para a chegada do Senhor.
Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha: Esta é a terceira de sete bem-aventuranças no livro (veja a lista na lição 3). A pessoa preparada, que não teme a vinda do Senhor, vigia e aguarda o Senhor (cf. Mateus 25:1-13). Guardar as vestes indica a pureza dos fiéis, que “não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco” (3:4; cf. Tiago 1:27). A nudez, por outro lado, mostra a impureza de pessoas despreparadas, como a igreja em Laodicéia (3:17). Quando Adão perdeu a sua inocência e ouviu a voz de Deus no jardim, ele se escondeu porque estava nu e envergonhado (Gênesis 3:8-10). A nudez representa a vergonha, especialmente a vergonha de castigo (Ezequiel 16:36-37; Oséias 2:9-10; Miquéias 1:1; Naum 3:5).
16:16 – Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom.
Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom: A batalha não acontece no capítulo 16. Teremos que esperar até o capítulo 19 para ver o resultado desta guerra. No momento, o Senhor quer mostrar o lugar da batalha – Armagedom. Esta palavra aparece somente aqui, mas o próprio versículo diz que ela é de origem hebraica. A palavra significa “monte de Megido” ou “cidade de Megido”, e nos lembra do significado da região de Megido em batalhas decisivas do Antigo Testamento. Foi o local da vitória de Israel sobre Jabim e Sísera (Juízes 4 e 5, especialmente 5:19). Josias morreu da ferida que sofreu na batalha contra Neco, rei do Egito, no vale de Megido (2 Crônicas 35:22-24). Outras batalhas na região de Jezreel e Megido incluem: a vitória de Gideão sobre os midianitas (Juízes 7); a batalha final de Saul contra os filisteus (1 Samuel 31). Quando Jeú, encarregado com a exterminação da casa de Acabe, mandou matar Acazias, rei de Judá, este morreu em Megido (2 Reis 9:27). Armagedom, então, representa um lugar de julgamento e de batalhas decisivas. Certamente, Deus julgará e aplicará a sua justiça!
A Sétima Taça (16:17-21)
16:17 – Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está!
Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar: Especialmente quando pensamos nos paralelos entre as taças e as trombetas (veja a tabela comparativa no início desta lição), chegamos à última taça esperando o cumprimento da ira de Deus. Encontraremos mais detalhes nos capítulos 17 e 18, mas a segunda voz já anunciou a queda da Babilônia (14:8). A vitória sobre os reis da terra será declarada no capítulo 19, mas já sabemos que os povos enganados aguardam em Armagedom, onde Deus pronunciará a sentença de condenação (16:16). Atrás de todos os reis e atrás da cidade mundana jaz a influência do dragão, o diabo. A sétima taça leva a batalha à casa do Adversário. A taça é derramada pelo ar, diretamente atingindo “o príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:1). Satanás é o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30; 16:11) e o “deus deste século” que cega os incrédulos (2 Coríntios 4:14). Há mais informações pela frente, mas o fato importante já ficou evidente. O diabo perde. Jesus e seus servos são os vencedores.
Saiu grande voz do santuário, do lado do trono: A voz vem do trono que está no santuário. Deus está no santuário, e ninguém mais podia entrar até que se cumprissem os sete flagelos (15:8).
Feito está!: As palavras enganadoras dos espíritos imundos podem conduzir os reis da terra a uma falsa expectativa de vitória, mas o verdadeiro vencedor é o próprio Senhor. Quando ele declara o seu plano cumprido, podemos ter certeza da vitória dos fiéis.
16:18 – E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande.
E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto: É de Deus! São os sinais que saem do trono de Deus (4:5) e do altar que se acha diante do trono (8:5). São os sinais que vêm do santuário depois da sétima trombeta (11:19). Aqui, estes sinais reforçam as palavras da voz do santuário. Está feito!
Terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande: Há uma tendência por parte de muitas pessoas de entender expressões proverbiais de forma literal. Mas, da mesma maneira que falamos do “melhor dia da minha vida” ou dizemos “eu nunca vi nada igual”, a Bíblia também emprega provérbios que não devem ser interpretados literalmente. Podemos ilustrar a linguagem proverbial comparando duas afirmações sobre Jerusalém. Deus falou da destruição de Jerusalém em 586 a.C. nestas palavras: “Executarei juízos no meio de ti, à vista das nações. Farei contigo o que nunca fiz e o que jamais farei, por causa de todas as tuas abominações” (Ezequiel 5:8-9). Literalmente nunca fez e jamais faria coisa igual? Não! O próprio Jesus falou da mesma cidade 600 anos depois, e disse: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (Mateus 24:21). Se Ezequiel e Jesus falassem literalmente, as suas palavras se contradiriam. Mas são expressões proverbiais. Não precisamos procurar a maior tribulação da história para acreditar e entender as palavras de Ezequiel e as de Jesus, e não precisamos procurar o pior terremoto da história para acreditar na profecia da sétima taça. Nem precisamos de um terremoto literal para entender o ponto. Mas não devemos diluir a mensagem e perder o impacto. Deus disse “Feito está!” e chamou atenção a suas palavras com sinais assustadores.
16:19 – E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira.
A grande cidade: Encontramos, novamente, a grande cidade que recebe a cólera de Deus. Como observamos na lição 25, há um contraste importante no livro entre a cidade santa, a nova Jerusalém e a grande cidade mundana, a Babilônia. A grande cidade representa a corrupção de uma cidade que vivia da prostituição de suas relações comerciais com as nações, e destaca mais uma característica do poder do império romano. A besta do mar enfatiza seu poder de dominar, especialmente o poder militar dos reis. A besta da terra representa seu poder religioso, a religião imperial pela qual as pessoas foram obrigadas a adorarem Roma ou seus imperadores. A Babilônia destaca as relações comerciais pelas quais Roma dominava a economia mundial. O sétimo flagelo fala do castigo da grande cidade Babilônia, que será descrito em mais detalhes nos capítulos 17 e 18.
Se dividiu em três partes: A divisão em três partes enfatiza a derrota total da grande cidade. Ezequiel dividiu a cidade de Jerusalém, simbolicamente, em três partes, para mostrar a destruição total dela (Ezequiel 5:1-4). A Babilônia é ferida por três flagelos em um só dia (18:8), frisando a sua destruição total.
Caíram as cidades das nações: As cidades das nações dependiam da grande cidade. Quando ela cai, elas também caem. O lamento dos reis e comerciantes em 18:9-19 mostra como a queda da Babilônia teria impacto enorme nas outras nações. Não teriam mais o seu mercado principal, causando um colapso econômico geral.
E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho da sua ira: Já observamos o significado do cálice da ira de Deus na lição 25 (14:10). Os adoradores da besta beberiam deste cálice. Agora aprendemos que a própria Babilônia, a mesma que deu às nações o “vinho da fúria da sua prostituição” (14:8) teria que beber da ira de Deus (cf. 18:5-6).
16:20 – Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados;
Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados: Este versículo reforça o sentido do anterior, mostrando os efeitos mundiais da queda da Babilônia. A linguagem nos lembra do sexto selo (6:12-17). Quando Deus desce para julgar, “os montes debaixo dele se derretem” (Miquéias 1:4; cf. Naum 1:5; Salmos 18:7-15; 97:5). As ilhas, por serem espalhadas e ocupadas por diversos povos, são ligadas às nações (Gênesis 10:5; Isaías 40:15; 41:1; Sofonias 2:11). Quando Ezequiel profetizou a queda de Tiro, uma cidade que vivia do comércio no mar Mediterrâneo, ele falou de seu impacto nas ilhas: “Agora, estremecerão as ilhas no dia da tua queda; as ilhas, que estão no mar, turbar-se-ão com a tua saída” (Ezequiel 26:18). Da mesma maneira, o castigo de Roma prejudicaria as ilhas e os povos de toda a extensão do império.
16:21 – também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande.
Também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento: Chuva de pedras de 45 quilogramas cada! Lembrando que os flagelos são cumulativos (16:10-11), podemos imaginar o sofrimento dos adoradores da besta. Têm úlceras, não têm água, sofrem sobre o calor intenso do sol, e agora vem chuva de pedras enormes!
Os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande: Todo este sofrimento deve ser motivo para se arrependerem, mas continuam endurecendo os corações. Não admitem os seus erros, nem a justiça de Deus.
A besta da terra tem poder para afligir e até matar os servos de Deus, aqueles que recusam adorar a besta. Mas Deus mostra seu poder para castigar com muito mais severidade os adoradores da besta. Os sete flagelos trazem sofrimento incrível aos seguidores da besta, mas eles ainda não se humilham diante de Deus.



Diz na Sagrada Escritura:
“Vereis o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu, com grande poder e majestade” (Mt 24,30; 26,64; Mc 24,26;14,62; Lc 25,27; Dn 7,12-13; etc.).
 
"Eis que ele vem com as nuvens. Todos os olhos o verão, inclusive aqueles que o transpassaram" (Ap. 1,7).
"Então o Rei dirá aos que estão à direita:

- Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo," (Mt 25,34)